Por incrível que pareça, essa não é uma frase incomum. É preciso enfatizar que não é possível chegar nem perto de fazer todos os tipos de exame. Se fizéssemos, por exemplo, todos os exames que expõem o paciente à radiação, certamente estaríamos causando muito dano. A medicina se baseia cada dia mais em evidências científicas, que devem nortear a conduta de todos os médicos. É importante seguir protocolos de rastreamento bem estabelecidos, para evitar que pilhas de exames nos levem a intervenções desnecessárias.

Também é importante lembrar que exame não é tratamento. Às vezes, o paciente com alterações em exames laboratoriais quer repeti-los seguidamente. Se não houve nenhuma mudança no sentido de reverter as alterações, é possível antecipar que elas estarão lá e fazer exames com periodicidade exagerada não vai ajudar no tratamento.

Outro grande problema são os exames sem valor de referência estabelecido. Parece engraçado, mas existem muitos cujos resultados, independentemente do valor, não podem ser interpretados como normais ou alterados.

A falta de tempo para colher uma história clínica adequada e realizar um bom exame físico tem levado a uma sobrecarga de exames complementares, que não se traduz por solução dos problemas do paciente. Muitas vezes, um diagnóstico precisa de perguntas certas para ser fechado. Exames complementares devem ser guiados por essa história, que nenhuma máquina é capaz de colher.

Que boas energias lhe acompanhem,

Dra. Rejane Itaborahy
CRM MT 4111